Antes de assumir, Goldfajn precisa passar por uma sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, atualmente presidida pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). A indicação precisa ser aprovada pelo Senado. Até lá, Tombini, que elogiou a indicação, permanece no BC.
Meirelles também anunciou os outros nomes que comporão a nova equipe econômica do presidente interino Michel Temer. As indicações para presidir bancos públicos serão anunciadas nos próximos dias.
Goldfajn já foi diretor do BC
O economista já exerceu o cargo de diretor de Política Econômica do BC entre 2000 e 2003, quando trabalhou com Armínio Fraga e, depois, com o próprio Meirelles.
Após sair do BC, foi sócio da Gávea Investimentos. Depois, tornou-se sócio-fundador e gestor da Ciano Investimentos, ajudando a fundar a Ciano Consultoria. Saiu em 2009 para assumir o posto de economista-chefe do Itaú Unibanco.
Aposta é de queda nos juros
O economista, bastante reservado sobre sua vida pessoal, mas até informal com quem trabalha, é muito exigente e atento aos detalhes em relação à qualidade do trabalho, demandando horas a mais de dedicação dos que o cercam até que o resultado esteja a contento.
Ele assume com as apostas crescentes de que o banco começará a cortar a taxa de juros em breve. Suas avaliações mais recentes como economista-chefe do Itaú apontam para essa direção. A taxa básica de juros está em 14,25% ao ano desde julho passado.
Goldfajn vinha destacando que a recessão e a queda do dólar desde o início do ano contribuem para a gradual redução das expectativas de inflação neste ano. A queda da inflação abriria espaço para o corte de juros no "segundo semestre, a partir de julho".
Em recente relatório do Itaú, Goldfajn melhorou suas projeções para a economia do país em 2017 de crescimento de 0,3% para 1%.
Carreira acadêmica
Goldfajn também se destaca pela sua vida acadêmica, que lhe rendeu pelo menos um amigo ilustre. O vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Stanley Fischer, foi um dos orientadores da sua pós-graduação no MIT (Massachusetts Institute of Technology). Os dois continuam amigos e ainda se falam com alguma frequência.
"O lado acadêmico dele é muito evidente, o que é uma qualidade", afirmou o economista de um banco, sob condição de anonimato.
Antes da pós-graduação no MIT, Goldfajn concluiu seu mestrado em economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), onde também foi professor.
Em sua experiência internacional, Goldfajn foi economista do FMI (Fundo Monetário Internacional) entre 1996 e 1999 e professor assistente na Universidade de Brandeis, em Massachusetts, nos Estados Unidos.
Foro privilegiado
O ministro da Fazenda afirmou que o presidente do BC perderá o status de ministro. Mas o governo enviará proposta ao Congresso Nacional para que ele tenha autonomia técnica e foro privilegiado, estendido também aos diretores do órgão.
Segundo Meirelles, isso garantirá que seja formalizada uma condição que hoje é coberta por "acordo verbal".
(Com Reuters e Valor)